quarta-feira, 26 de março de 2008

INACREDITÁVEL

Perspectivava-se uma conversa serena e off-the-record com um Administrador Hospitalar (em funções num Centro Hospitalar) - cujo tema versava sobre cumprimento dos direitos das várias classes profissionais - mas o rumo da mesma foi tomando destinados não planeados. Dizer-vos que fiquei atónito com os comentários relativos à Enfermagem, não é suficiente (mas não é o único). Numa filosofia de partilha, vou (tentar) reproduzi-los textualmente:

"Os Enfermeiros têm pouco interesse para os Conselhos de Administração, ao contrário dos médicos que são escassos e temos que cativá-los quanto mais não seja com bons salários, por isso nas reuniões de conselho nem se discute sobre Enfermagem. Não é necessário."

Mas, calmamente, prosseguiu:

"Pode ter a certeza que, nem que fosse pelo salário mínimo, teria sempre Enfermeiros para trabalhar"

"Não precisamos de pagar horas extra aos Enfermeiros, aliás, essa questão nem se coloca. Mas não é possível seguir a mesma política com a classe médica, somos mesmo obrigados a compensá-los"

"Os Enfermeiros não são valorizáveis. Não têm autonomia que lhes permita uma produção hospitalar independente"
a
"Imagine que tínhamos problemas com uma equipa de Enfermeiros... no dia seguinte apresentávamos uma equipa nova e estava feito. Lembra-se do exemplo de Vila Real?"

Sem surpresas, concluiu:

"A política educativa facultou uma avalanche de Enfermeiros que só ajudou os Conselhos de Administração - deixou de haver problemas com Enfermeiros. Nem sequer é preciso aliciá-los! Os técnicos de diagnóstico e terapêutica também. Deixam-me dormir descansado."

(Para quem não se lembra do "exemplo de Vila Real", que ficou conhecido em todo o país, fica aqui um refresh: quando a equipa de Enfermagem da UCI de Vila Real alegou falta de condições laborais e ameaçou pedir transferência em massa, o respectivo Administrador Hospitalar respondeu assim:
"ficaria mais preocupado se os médicos, que são quem trata os doentes directamente, me pusessem problemas, pelo contrário, é um serviço de excelência"
O caso foi dado a conhecer à Ordem dos Enfermeiros, que nada fez.)
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E isto são apenas alguns excertos que retive, outros ficam por transcrever. Desta vez, nem teço qualquer comentário. Há que reflectir sobre as nossas estratégias profissionais (no âmbito pessoal e da classe). A verdade é só uma: enquanto gestores com este tipo de mentalidade e parca inteligência existirem, a saúde em Portugal não aprensenta bom prognóstico. O exemplo que veio do Reino Unido mostra bem porquê.
in Doutor Enfermeiro

quinta-feira, 20 de março de 2008

Importante REUNIÃO



Os últimos tempos têm sido férteis em acontecimentos que envolvem Enfermeiros. Vejamos:

1 - A Ordem dos Enfermeiros (OE), reflectida numa ligeira alteração de posição/discurso, alerta para a actual deficiente formação dos Enfermeiros. O Jornal Correio da Manhã é claro: "Formação piora nos Enfermeiros"!
A falta de "regulamentação e fiscalização" permitiu a degradação da mesma. Com pena dos profissionais de Enfermagem, a OE, como entidade reguladora, demitiu-se dessa função. Não podemos esquecer a alínea j, do ponto n.º 2 do artigo 3º do Estatuto da OE: "Fomentar o desenvolvimento da formação e da investigação em Enfermagem, pronunciar-se sobre os modelos de formação e a estrutura geral dos cursos de Enfermagem". Mais objectivo do que isto, impossível!

A Bastonária alertou, também, para as consequências nefastas do "boom de escolas de Enfermagem" e para a impossibilidade de ser manter a actual situação! (Todos nós, Enfermeiros, sabemos que a raíz da maior parte dos nossos males é o excesso de oferta de profissionais. As suas consequências são múltiplas: desemprego, salários baixíssimos e incompatíveis com as nossas funções, falta de poder reivindicativo, humilhação no seio multi-profissional, más condições de trabalho, desmotivação, diminuição da auto-estima e auto-realização, precarização laboral, etc...)

Um discurso populista é óptimo, mas aguarda-se aquilo que todos pretendem: medidas concretas! A viragem de discurso - pelo menos - já é um ponto positivo, e se a OE se juntar às força de 55 mil Enfermeiros, estou certo que o futuro será promissor!

2 - Os incentivos dos profissionais de saúde das USF's geraram as maiores discussões e controvérsias. Muito se disse e se escreveu sobre isto: que os médicos ficariam arredados dos mesmos, que os incentivos dependeriam da performance institucional e clínica, etc...
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Pelo meio houve ainda lugar para as habituais "pérolas": a FNAM (Federação Nacional dos Médicos) afirmou publicamente no Jornal Tempo Medicina que não "abdicaria do princípio da proporção relativos à diferenciação técnico-científica dos vários profissionais na atribuição desses incentivos", enquanto, simultâneamente, a OE e Sindicatos de Enfermagem defendiam a equidade dos mesmos! Ou seja - para ser mais objectivo - a intenção da FNAM era que os Enfermeiros auferissem valores inferiores aos dos médicos (independentemente do montante atribuído a estes, o importante era ser superior ao dos profissionais de Enfermagem)!
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O acordo está à vista: os incentivos já não dependerão da performance institucional e clínica! Os restantes pormenores deverão ser conhecidos em breve.
O Sindicato de Enfermagem (SE), por seu lado, argumenta que este acordo é pobre, pois "não estando determinados os quantitativos dos tais incentivos financeiros, expressos em números de euros", tudo isto não passa de "um punhado de areia atirado aos nossos olhos e de quem estiver a olhar para esta problemática". Afirma ainda que a sua proposta era mais ambiciosa e minorava as desigualdades entre Médicos e Enfermeiros, pois o proposto no DL 298/2007 de 22 de Agosto atribuía "quatro mil e quatrocentos e setenta euros mensais, (4.470,00€) mensais, rotulados de suplementos, para médicos e, somente, novecentos euros (900,00€) para enfermeiros".

3 - A Ministra da Saúde afirmou que está a ser estudada "a possibilidade de alguns atendimentos e triagens, nos Centros de Saúde, serem efectuados por Enfermeiros". Esta questão está a ser analisada conjuntamente com a OE.

4 - Um dos piores receios: a criação da figura do paramédico está ser equacionada em Portugal! No nosso país, os Enfermeiros podem assumir perfeitamente esse papel!
Existem, actualmente, Enfermeiros suficientes para evitar evitar a criação dessa figura. Mais grave será se as respectivas funções seguirem os moldes de alguns países, que neste momento retrocedem a esse nível, reatribuindo novamente aos Enfermeiros esse papel!
Ainda mais grave: existem colegas a promover esta situação! Aguarda-se uma posição firme da OE!
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5 - A Revista Visão deu ênfase à investigação realizadada pela Enfª. Ana Paula Cunhal Henriques (Especialista em Enfermagem de Reabilitação) no âmbito da sua tese de Mestrado (Mestrado em Medicina do Sono da Faculdade de Medicina de Lisboa).
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6 - A Revista EMHarmonia (edição 5.08) da Abbott - onde habitualmente são publicados diversos artigos de Médicos, Enfermeiros, Nutricionistas e outros profissionais - apresenta como artigo de capa um trabalho intitulado "Boas razões para um sono", onde o sites de Enfermagem são indicados como referência para aprofundar pesquisas sobre o tema (reconhecimentos dos Enfermeiros como provedores de conhecimento científico).
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7 - Recomendo três leituras rápidas: "O sentido da responsabilidade que a profissão exige, faz dos Enfermeiros pessoas diferentes" (Jornal Correio da Manhã) e "E quando o doutor não é o médico? E quando o doutor é o Enfermeiro?" (Academia Americana de Médicos de Família), assim como a posição relativa a este tema, da Associação Americana dos Colégios de Enfermagem (sigla traduzida à letra).
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8 - Por fim, a OE irá reunir com o Prof. Mariano Gago, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A reunião, "muito aguardada", e talvez uma das mais importantes para a classe, versará sobre:
> A adequação do Ensino Superior ao Processo de Bolonha e as suas implicações no ensino de Enfermagem;
> A necessidade de reorganizar a oferta formativa em Enfermagem.
A oportunidade de ouro para tentar resolver o maior problema dos Enfermeiros é já no dia 24 de Março!!
in Doutor Enfermeiro

quarta-feira, 19 de março de 2008

Escolas de Enfermagem, Alunos e QUALIDADE!!!

O aumento das escolas de Enfermagem, resultado de uma falsa premissa de que o "Ser Enfermeiro seria igual a ter um Emprego Seguro e Remuneratoriamente bom" trouxe consigo uma pressão adicional ao Governo que se traduziu numa desregulação Formativa.
Apesar de vários Alertas quer dos Profissionais, quer da própria Ordem, a situação continuou e agravou-se! Deste modo as Escolas e todo o seu percurso futuro depende de como estas se conseguirem adaptar à realidade emergente que já as condiciona!


Falamos de um futuro em que a Formação terá que dar um salto Qualitativo em vez de Quantitativo. Incluo aqui a necessidade que cada Escola deverá ter em querer Formar os melhores profissionais e as melhores Pessoas. Para que tal realidade aconteça teremos todos que parar e responsabilizarmos-nos pelos Estágios que Orientamos e pelas notas que atribuímos.

Esta premissa e modo de actuação permitirá, a meu ver uma diminuição (provável, ou não) das notas que cada aluno recebe, mas trará Enfermeiros mais exigentes e habituados a que exijam responsabilidades e competências. Aliado a tudo isto terá que acompanhar o Crescimento enquanto Cidadão e Pessoa.


Este esforço conjunto (Escola,Profissional, Aluno) ao nível do formação em estágios clínicos, fará com que a nota quantitativa vista hoje como uma meta seja substituída pela meta Qualitativa.

O nome das Escolas , ou melhor a fruto da sua Formação iniciou já um trajecto de um constante processo avaliativo por parte das instituições que contratam e as Escolas certamente caminham para o mesmo! Ou seja as melhores Escolas Sobrevivem! Faço porém um reparo pois a formação é distinto de média, Uma vez que algumas instituições actualmente discriminam já alunos de certas Escolas contratando incluisivé enfermeiros com menores médias (reparem as privadas)!


Deste modo o futuro de Enfermagem passará pela regulação da lei do mercado que arrastará consigo um aprimorar Formativo das Escolas! Ou seja os melhores (distingo aqui melhor de nota) e mais bem formados Alunos, terão emprego, cabendo aos restantes as consequências da lei do mercado desemprego.

Soluções?

1.
Aplicar o modelo de Desenvolvimento Profissional! Só assim a Ordem poderá regular de forma Organizada e com base nas necessidades da população o acesso à profissão.


2.Regular já a abertura de vagas para o Curso de Enfermagem que só se fará pela articulação Escolas(pelo menos enquanto o modelo não é aplicado). Isto evitaria o Canibalismo entre Escolas e mesmo Profissionais.

in Cogitare em Enfermagem

terça-feira, 18 de março de 2008

Metade dos enfermeiros sem lugar meio ano após o curso


Metade dos enfermeiros não conseguiu emprego na sua área de formação seis meses depois de ter terminado o seu curso, revela um inquérito feito pela Federação Nacional de Associações de Estudantes de Enfermagem (FNAEE) junto das cerca das 40 escolas de Enfermagem do país no final do ano passado.

Por ano saem das escolas de Enfermagem cerca de três mil licenciados. Porque não encontram emprego na sua área de formação, hoje é possível ver enfermeiros a trabalhar em lavandarias, caixas de supermercado, até como ajudantes de Pai Natal na última época festiva. E há quem tente não perder a prática frequentando intermináveis estágios profissionais não remunerados, afirma o presidente da FNAEE, Gonçalo Cruz.

Das respostas que obtiveram das escolas (19 responderam) é possível concluir que, a nível nacional, depois de três meses do final do curso, só 24 por cento tinham conseguido lugar. Após seis meses, eram 55 por cento. "O cenário geral até é positivo face aos casos particulares", continua o presidente da FNAEE. O mesmo é dizer que as médias de empregabilidade escondem situações piores, sobretudo no Norte do país, e também melhores, verificadas, por exemplo, em Lisboa, continua.

Mapa das escolas

A situação desigual encontra explicação no mapa da distribuição das escolas. Existem cinco para toda a Zona Sul, 12 na área de Lisboa e Vale do Tejo e 15 na Zona Norte. Não é por acaso que é no Norte que a situação de falta de emprego dos enfermeiros mais se agravou, defende.

No inquérito concluíram que, por exemplo, na Escola Supeiror de Enfermagem de Calouste Gulbenkian - Braga, dos 80 licenciados que saem por ano só cinco por cento conseguem emprego ao fim de três meses, número que sobe para 13 por cento ao fim de seis meses. Na Escola Superior de Saúde da Guarda, dos 40 licenciados, apenas quatro por cento estavam empregados três meses após o final do curso, número que era de 20 por cento passado meio ano. Na Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo, aos três e seis meses a percentagem de desempregados mantinha-se inalterável: rondava 16,6 por cento dos recém-licenciados. Nas escolas da capital, o cenário, apesar de tudo, é mais risonho: 35 por cento conseguiram emprego ao fim de três meses e 80 por cento ao fim de um semestre a seguir ao curso.

O crescendo de escolas e vagas não parou desde o momento em que foi criada a licenciatura em Enfermagem, em 1999, diz Gonçalo Cruz. Metade são privadas e as propinas mensais podem oscilar entre os 350 e os 500 euros.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) estima que haja no desemprego 2500 enfermeiros e há 15 mil em formação, o que significa que "o problema vai agudizar-se", defende a dirigente sindical, Guadalupe Simões. "No mínimo, era preciso colocar um travão e diminuir o número de vagas". Defende ainda que a decisão de aumentar o número de enfermeiros, embora seja função do Ministério da Ciência e Ensino Superior, também convém ao Ministério da Saúde porque assim "desvaloriza o trabalho de enfermagem".

Desde a segunda metade de 2007 que um novo fenómeno é sintoma da situação da classe. A falta de emprego leva a que muitos profissionais tentem fazer voluntariado ou estágios não-remunerados, diz. "Alguns hospitais estão ilegalmente a recebê-los", sublinha Guadalupe Simões, explicando que os enfermeiros têm estágios integrados no seu curso, não precisam de mais, e assim os hospitais evitam admitir profissionais pagos. Ao mesmo tempo, com a quantidade tão grande de alunos nas escolas, começa a ser muito difícil arranjar-lhes "estágios com qualidade" integrados no curso.

O pior é que dados do Ministério da Saúde, de 2004, davam conta da falta de 21 mil enfermeiros nos hospitais e 12 mil nos centros de saúde, lembra a dirigente. Entre 2003 e 2007 em todos os hospitais foram admitidos apenas 1100 profissionais.
In Jornal Público 14 de janeiro de 2008

segunda-feira, 17 de março de 2008

Nova Proposta?

Boa noite,
já foi divulgada a proposta remuneratória para a carreira de Técnico Superior prevista pela Lei dos Vínculos, Carreiras e Remunerações. Para a profissão de Enfermagem (supostamente a integrar nesta categoria), mesmo sendo negociada como carreira especial, é legítimo supor que seguirá uma linha de orientação salarial semelhante. Numa primeira análise é possível constatar que o topo salarial sofreu um aumento, ao contrário do ponto de entrada, que sofreu um retrocesso relativamente à antiga carreira de Técnico Superior.
A proposta é a seguinte:

quinta-feira, 13 de março de 2008

O balde estará ROTO?

As diversas entidades envolvidas na defesa e regulação da profissão de Enfermagem apelam constantemente à disponibilização e desbloqueio de novas vagas de acesso, para Enfermeiros, ao SNS. Simultaneamente, enquanto uma mão persegue este objectivo, a outra, por desleixo, perde o que a primeira tenta alcançar.

A substituição de Enfermeiros por outros profissionais é já demasiado evidente em vários sectores da Saúde, e encontra em todos nós uma passividade que nunca presumi ser possível. Alguns, mais atentos e inquietos, vão denunciando irregularidades várias, nomeadamente no que toca a usurpação de funções, sem que as referidas entidades arrostem esta questão de forma eficaz.
a
Sendo assim, será que o "balde" está irremediavelmente roto? Que estratégias desenvolver?
A indefinição do acto de Enfermagem é um dos argumentos que encobre estas tentativas de substituição que, à posteriori, se afirmam como perigosas para a segurança dos utentes.
A título de curiosidade, e como hoje é dia mundial do rim, a diálise é uma das áreas de actuação dos Enfermeiros que é acompanhada por orientações legislativas que, apesar de algumas inespecificidades, não deixam grandes margens para dúvidas (artº 241/2000):
a
"4 — As unidades periféricas [unidades de diálise] classificam-se, quanto aos cuidados prestados, em unidades de cuidados diferenciados e unidades de cuidados aligeirados.
5 — As unidades de cuidados diferenciados são unidades de hemodiálise em que os actos e as técnicas dialíticas são executados por enfermeiros.
6 — As unidades de hemodiálise de cuidados aligeirados são unidades de hemodiálise em que os actos e as técnicas dialíticas são executados pelos próprios doentes sob supervisão de enfermeiros e destinam-se exclusivamente a doentes com aptidão para efectuar hemodiálise com, pelo menos, três meses de ensino, treino e provas de aptidão favoráveis."

in Doutor Enfermeiro

segunda-feira, 10 de março de 2008

Última reunião....

Quando para a Ordem dos Enfermeiros (OE) é tudo tão complicado, para a Ordem dos Médicos (OM) a simplicidade é o lema diário (ver notícia do Jornal Expresso abaixo). Quando para a OE é tudo moroso, para a OM a rapidez é banal.
a
O problema é antigo mas de tão fácil resolução - a falta de qualidade dos muitos locais de "estágio" dos alunos de Enfermagem. Quando esta questão é colocada à OE, a resposta é composta por um conjunto de divagações, boas intenções e ausência de acções.
A OE reconhece o problema. E não é apenas mais um problema. É um dos maiores problemas da Enfermagem. Só isso. Medidas urgentes exigem-se .
A OE propôs reconhecer e certificar os campos de estágio que preencham determinados critérios qualitativos e quantitativos (no âmbito do MDP - Modelo de Desenvolvimento Pessoal), para que o ensino de Enfermagem se constitua ao mais alto nível. Até agora nada.

A OM, essa, não vai por meias medidas. Certificou a idoneidade de uma instituição privada para a formação de especialistas em Pediatria (que é o mesmo que dizer que mais nenhum privado tem autorização para formar médicos). Exigência e rigor acima de tudo. Bons profissionais exigem boas condições formativas. Isto é tão simples (mas complicado para algumas cabeças).
a
Enquanto uns não "brincam em serviço", a OE continua na sua jornada, lenta e contaminada pela inércia, a caminho de não sei muito bem o quê... entretanto, vamos assistindo à formação de Enfermeiros em creches, lares, escolas, infantários, casas de repouso e sabe-se lá mais o quê...

Aproveito para tomar a liberdade de aconselhar à OE um "estágio" na OM para ver se aprende como é que se fazem coisas, bem feitas de preferência, com rapidez, eficácia e eficiência.

Posto isto, resta-me referir que a OE teve uma reunião com um Engenheiro, não um qualquer, mas com o Primeiro Ministro (e Ministra da Saúde). Vai daí que nós, Enfermeiros, pensávamos que a Senhora Bastonária (e Companhia) iria abordar amplamente o tema que nos preocupa a todos nós: o desemprego causado pelo excesso de formação! Mais um puro engano. Outro.
No site da OE é possível ler que "o Senhor Primeiro Ministro assumiu o compromisso de reforçar as dotações de profissionais - nomeadamente enfermeiros - de acordo com as necessidades dos serviços de saúde, bem como de impedir que jovens Enfermeiros fiquem no desemprego". Isto não passa de uma asseveração ilusória e concebida para atirar mais uns grãozinhos de areia para os olhos de quem se esforça diariamente.
O que o senhor Primeiro Ministro (PM) afirmou foi que iria desenvolver "esforços" no sentido de incrementar o número de profissionais de saúde no SNS. Entediado, acrescentou ainda que era intenção do governo satisfazer as necessidades dos utentes...
A OE concluiu daqui que o PM iria impedir que os "jovens Enfermeiros fiquem no desemprego". Ora, a admissão de uma dúzia de Enfermeiros pode ser considerada como um incremento, politicamente falando.... faço-me entender?

a admissão Enfermeiros não resolve o desemprego, até porque as necessidades não são infinitas e eternas (e as vagas são escassas)... a redução do número de vagas nas Escolas dava algum jeito, não?
Como a OE passa os dias a dizer que esse assunto é do âmbito da tutela, houve quem supusesse que esta reunião seria fulcral para discutir esse aspecto, mas a OE... permaneceu ao seu nível: em silêncio! É um boa atitude, sim senhor, não haja dúvidas!!
O resto da reunião decorreu na linha das intenções mínimas esperadas pelos Enfermeiros...
a
Mas, sem dúvida, a grande surpresa ("recado" do Sindicato Independente dos Médicos - SIM) vem a seguir (clicar na imagem para ampliar e ler)!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Enfermeiros no LIMITE!



"Ao Dr. Enfermeiro,
Aos Membros da Ordem (Orgãos Sociais Nacionais e Regionais,
Aos Sindicatos dos Enfermeiros SE, S.I.P.E (FENSE) e SEP
Aos Colegas,

Um dia Martin Luther King começou um discurso com uma frase histórica : I have a dream...
Os Enfermeiros deste País não terão futuro sem união. Debatemo-nos com problemas graves aos quais a Classe na sua maioria parece alhear-se.
O processo de Bolonha veio trazer novas incertezas à profissão. Quantos de nós sabem o que este processo implica? Master ou Bachelor? Uniformização dos Planos de Estudos? Como é possível que se estejam a preparar Enfermeiros Especialistas nos moldes do Processo de Bolonha em algumas Escolas e simultaneamente com base no modelo que todos conhecem, noutras? Parece-me necessário parar para pensar nesta e noutras discrepâncias.

A ordem dos Enfermeiros deveria primeiro definir convenientemente o Plano de Estudos do Curso Superior de Enfermagem e do Exercício profissional Tutelado e impô-los a todas as Escolas através do Ministério do Ensino Superior, a fim de se uniformizar a formação dos futuros Enfermeiros e até dos actuais.

Não se pode permitir que cada cabeça dite a sua sentença. Se os muitos Enfermeiros Europeus ficam satisfeitos com o título académico de bachelor (Bacharéis), os Portugueses não devem aceitar menos do que já têm há alguns anos, daí que master será o mínimo necessário.

Se a Ordem afirmar que não reconhecerá os títulos académicos não homologados e não aceites por Ela, para validar o título profissional talvez as Escolas de Enfermagem pensem duas vezes antes de aliciarem os alunos.

Caros Membros da Ordem, não basta falar informalmente com os membros do Governo sobre o assunto, é preciso apresentar uma proposta fidedigna que seja aprovada e aplicada uniformemente em todas as Escolas Superiores de Enfermagem, seja ao nível da Licenciatura (master) seja ao nível mais graduado de formação.

Se a força para implementar tais medidas não for suficiente alertem os Sindicatos dos Enfermeiros e eu tenho a certeza que todos eles darão o apoio necessário para que as mais elementares pretensões dos Enfermeiros não se percam nos bastidores do poder político.

Há outras reivindicações que são de âmbito sindical. Conhecêmo-las. Estão aliás bem patentes. São pretensões exclusivas da nossa classe que não me canso de repetir : Carreira de Enfermagem, tabela salarial, avaliação, especifidade da profissão de enfermagem, desgaste e penosidade do exercício profissional, para que o tempo de serviço e idade da reforma não sejam as que o Governo ditou à margem das negociações com sindicatos.

Caros colegas, corremos o risco de (como me disse um colega no seu modo humorista) andar a administrar a terapêutica aos doentes com o auxílio de um andarilho...

Estas são reivindicações nossas, de uma Classe com todos os requisitos para ser uma Classe com uma carreira Especial. Por isso eu não acredito em generalidades na luta,já que as especifidades da Profissão não se enquadram numa luta generalista em que a Enfermagem é só mais uma, num conjunto de muitas profissões.

Restringir a NOSSA LUTA ao que nos diz especificamente respeito seria a maior bofetada de luva branca que a Enfermagem daria a quem com responsabilidades de Governação se acha no direito de impôr unilateralmente disposições legislativas, atentatórias da nossa dignidade .

No calendário das formas de luta os Professores surgem isolados (70000) na sua greve e na sua manifestação. Os Enfermeiros no activo com nomeação definitiva ou com contratos de trabalho por tempo indeterminado, os Enfermeiros no desemprego, os Enfermeiros com contratos precários, pagos na sua maioria a preço de saldo, os alunos das Escolas de Enfermagem, não merecem eles também uma luta só deles? Por isso, eu contestei a amálgama desta luta massificada que nos ofusca a identidade de sermos Enfermeiros.

A sabedoria popular é pródiga em sentenças do senso comum: quando a esmola é muita o pobre desconfia.....Iluminou-se a alma de muitos Enfermeiros e a minha também, quando o SEP anunciou esta jornada de luta demonstrando o descontentamento da Classe; iluminou-se a alma de muitos de nós e a minha também, quando pensamos que a luta seria a NOSSA LUTA ; iluminou-se a alma de todos quando acreditamos que os sindicatos dos Enfermeiros SE e S.I.P.E. ((FENSE)) e SEP dariam as mãos nesta luta pela Enfermagem; obscureceu-se a alma da Enfermagem quando se deparou com uma luta conjunta com outros sindicatos, que não de Enfermeiros.

Porque esta luta é NOSSA e somos nós que a temos de LUTAR. Os Enfermeiros têm que reaprender a organizarem-se, sem dependerem de um conjunto, que embora muito digno, não LUTA nas nossas trincheiras específicas.
Os Enfermeiros têm de reaprender a ter a coragem que dá a força; Os Enfermeiros têm de reaprender que a intimidação e a propaganda do medo são a arma dos que nos querem amordaçar e derrotar, recusando-nos o direito de ter direitos. Os Enfermeiros têm de reaprender a unir esforços e vontades, em volta dos representantes sindicais. Os SINDICATOS DOS ENFERMEIROS têm de reaprender a dialogar, a unirem-se, a lutar pela Classe.

OE, SE, S.I.P.E. (FENSE) e SEP unam-se pela Enfermagem e aí sim eu direi: A Alma da Enfermagem voltou a sorrir.
Um abraço colegas.
Margarida de Barros"

quinta-feira, 6 de março de 2008

Desemprego em Enfermagem


Metade dos enfermeiros não conseguiu emprego na sua área de formação seis meses depois de ter terminado o seu curso, revela um inquérito feito pela Federação Nacional de Associações de Estudantes de Enfermagem (FNAEE) junto das cerca das 40 escolas de Enfermagem do país no final do ano passado.

Por ano saem das escolas de Enfermagem cerca de três mil licenciados. Porque não encontram emprego na sua área de formação, hoje é possível ver enfermeiros a trabalhar em lavandarias, caixas de supermercado, até como ajudantes de Pai Natal na última época festiva. E há quem tente não perder a prática frequentando intermináveis estágios profissionais não remunerados, afirma o presidente da FNAEE, Gonçalo Cruz.

Das respostas que obtiveram das escolas (19 responderam) é possível concluir que, a nível nacional, depois de três meses do final do curso, só 24 por cento tinham conseguido lugar. Após seis meses, eram 55 por cento. "O cenário geral até é positivo face aos casos particulares", continua o presidente da FNAEE. O mesmo é dizer que as médias de empregabilidade escondem situações piores, sobretudo no Norte do país, e também melhores, verificadas, por exemplo, em Lisboa, continua.

Mapa das escolas

A situação desigual encontra explicação no mapa da distribuição das escolas. Existem cinco para toda a Zona Sul, 12 na área de Lisboa e Vale do Tejo e 15 na Zona Norte. Não é por acaso que é no Norte que a situação de falta de emprego dos enfermeiros mais se agravou, defende.

No inquérito concluíram que, por exemplo, na Escola Superior de Enfermagem de Calouste Gulbenkian - Braga, dos 80 licenciados que saem por ano só cinco por cento conseguem emprego ao fim de três meses, número que sobe para 13 por cento ao fim de seis meses. Na Escola Superior de Saúde da Guarda, dos 40 licenciados, apenas quatro por cento estavam empregados três meses após o final do curso, número que era de 20 por cento passado meio ano. Na Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo, aos três e seis meses a percentagem de desempregados mantinha-se inalterável: rondava 16,6 por cento dos recém-licenciados. Nas escolas da capital, o cenário, apesar de tudo, é mais risonho: 35 por cento conseguiram emprego ao fim de três meses e 80 por cento ao fim de um semestre a seguir ao curso.

O crescendo de escolas e vagas não parou desde o momento em que foi criada a licenciatura em Enfermagem, em 1999, diz Gonçalo Cruz. Metade são privadas e as propinas mensais podem oscilar entre os 350 e os 500 euros.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) estima que haja no desemprego 2500 enfermeiros e há 15 mil em formação, o que significa que "o problema vai agudizar-se", defende a dirigente sindical, Guadalupe Simões. "No mínimo, era preciso colocar um travão e diminuir o número de vagas". Defende ainda que a decisão de aumentar o número de enfermeiros, embora seja função do Ministério da Ciência e Ensino Superior, também convém ao Ministério da Saúde porque assim "desvaloriza o trabalho de enfermagem".

Desde a segunda metade de 2007 que um novo fenómeno é sintoma da situação da classe. A falta de emprego leva a que muitos profissionais tentem fazer voluntariado ou estágios não-remunerados, diz. "Alguns hospitais estão ilegalmente a recebê-los", sublinha Guadalupe Simões, explicando que os enfermeiros têm estágios integrados no seu curso, não precisam de mais, e assim os hospitais evitam admitir profissionais pagos. Ao mesmo tempo, com a quantidade tão grande de alunos nas escolas, começa a ser muito difícil arranjar-lhes "estágios com qualidade" integrados no curso.

O pior é que dados do Ministério da Saúde, de 2004, davam conta da falta de 21 mil enfermeiros nos hospitais e 12 mil nos centros de saúde, lembra a dirigente. Entre 2003 e 2007 em todos os hospitais foram admitidos apenas 1100 profissionais.
In 'Público de 14 de Janeiro de 2007

MOBILIZAÇÃO PRECISA-SE



"Ó São Precário, protegei-nos a nós, precários da Terra, fazei com que nos paguem subsídio de maternidade, protegei as funcionárias dos centros comerciais, os anjos dos call center, concedei aos falsos trabalhadores independentes subsídio de férias e reforma, rendimentos para todos e serviços gratuitos, livrai-os dos despedimentos malignos.(...)"
Assim começa uma reportagem na revista VISÂO desta semana intitulada "Geração em saldo". Nesta reportagem é descrito que a Licenciatura em Enfermagem é o 4º no ranking nacional de Licenciados desempregados! (não na versão online mas na revista). Não é novidade, bem sei, mas é sempre bom não esquecer. Eu não esqueço, outros não esquecerão, mas alguns fazem ouvidos moucos ou fingem não querer reconhecer...

Mudando de assunto, quero lembrar que neste preciso momento em que escrevo estas palavras, está a decorrer uma das maiores manifestações de Profes dos últimos tempos. Em Braga estão concentrados mais de um milhar de profes com velas na mão e vestes negras de luto. O site da FENPROF anuncia uma concentração ultramegagrande(!!) para o próximo dia 08 de Março em Lisboa. Meus amigos, esta federação de sindicatos de Profes faz parte da CGTP, tal como o SEP! Terão eles maior poder de mobilização? Terão os profes mais razões que nós para estarem descontentes? NÃO ME PARECE! Então será que somos nós burros e gostamos de ser espezinhados? PARECE QUE SIM!

Senhores do SEP e do SE tirem ideias capazes de mobilizar os Enfermeiros a nível nacional, não em pequenos nichos dispersos. Façam um estágio (não remunerado, claro!) na FENPROF e DESPERTEM DE UMA VEZ ! Esta imoperância vai ter um custo elevado para todos os Enfermeiros Portugueses. Melhor, já estamos a pagar!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Morte à VISTA!

Apesar da notória evolução académica da nossa profissão, não existem mudanças na prática. Pelo Contrário. Cada vez somos mais submissos e dependentes dos médicos. Vejam a publicação do Decreto-Lei dos ACES!
Nem um mísero paracetamol podemos administrar sem indicação médica! Cá fora, é um medicamento não sujeito a receita médica (MNSRM), qualquer um pode comprar e gerir as sua administração! Inclusive os Enfermeiros! Cá fora. Lá dentro, já não somos os mesmos!
A inércia da OE é estupidificante! Dificilmente as situação tomará outro rumo.
Esta OE acredita piamente na idiotice de um rácio que já tem moscas em volta! Com muitos ou poucos Enfermeiros no desemprego, isso é irrelevante!
Quando todas as outras outras ordens e organizações profissionais defendem a prudência na formação de mais profissionais, tomando medidas para refrear a formação atendendo às condições do mercado de trabalho, a OE não!
Nem a OE, nem tão pouco o "atordoado" SEP (que com uma divisa roubada aos comunistas mais ferrenhos, "obrigam" agora os Enfermeiros a marcharem martelo e foice na mão, e t-shirt do Che Guevara)!

Andam milhares de Enfermagem à cata de um mísero emprego, implorando porta a porta, e o Rui Santos e amigos querem "luta", vejam só! Estes ignorantes não percebem nada de mercado, da lei da oferta/procura e respectivas consequências! Milhares e milhares de Enfermeiros lutam pelo seu emprego instável e estes "marmelos" acham que é verosímil que os "Enfermeiros abandonem as USF's" se não forem satisfeitas as suas pretensões!!
Por favor "rapaziada", e que tal abandonar o vosso delírio?
Não há emprego para os Enfermeiros.... ninguém vai arriscar o seu lugar!
Já reparou que os Enfermeiros já só se contentam com o facto de ter um emprego mal pago e fedorento!

Os salários subiram? Não. Desceram.
O acesso à profissão melhorou? Não. Há milhares de desempregados.
Os cuidados melhoraram? Não.
A estabilidade laboral melhorou? Não. Piorou.
A visibilidade social incrementou? Não.
A classe está mais motivada? Não. (Motivação já não está no dicionário dos Enfermeiros...)
O gozo e usufruto dos direitos dos Enfermeiros melhorou? Não.

De uma penada só, desceram os salários, passaram a poder usar e abusar dos Enfermeiros e deitá-los "ao lixo", quando não precisam deles. Puramente descartáveis.
O Ministério também agradece. Independentemente das condições propostas aos Enfermeiros, haverá sempre quem aceite. Nem que seja trabalhar de borla!

Tomem nota: mesmo que se reduza a formação de Enfermeiros a zero já, o problema do desemprego não se resolverá nos próximos 10 anos! E mesmo assim, aconselho o SEP a "motorizar-se", pois não vão ter bicicletas para todos!

A Enfermagem poderia ser uma profissão estimulante com perspectivas de um futuro brilhante, não fossem os dirigentes de algumas organizações de Enfermagem uns mentecaptos sem inteligência e visão!

A Enfermagem deixou de ter dignidade desde que se tornou um negócio que alguns vão explorar até ao tutano! O IFE (Instituto de Formação em Enfermagem), por exemplo, oferece férias na compra de livros... O que alguém se esqueceu é que com os salários miseráveis dos Enfermeiros nem livros dá para comprar (quanto mais estatuto e visibilidade social!)... in "Doutor Enfermeiro"


domingo, 2 de março de 2008

A actual situação de Enfermagem...


Deixo-vos este Link para lerem a reportagem na sua totalidade, os comentários deixo para vocês (para mudar de página, p.f. "clicar" nos números de paginação visualizáveis no canto superior esquerdo da mesma). in "Doutor Enfermeiro"