sexta-feira, 7 de março de 2008

Enfermeiros no LIMITE!



"Ao Dr. Enfermeiro,
Aos Membros da Ordem (Orgãos Sociais Nacionais e Regionais,
Aos Sindicatos dos Enfermeiros SE, S.I.P.E (FENSE) e SEP
Aos Colegas,

Um dia Martin Luther King começou um discurso com uma frase histórica : I have a dream...
Os Enfermeiros deste País não terão futuro sem união. Debatemo-nos com problemas graves aos quais a Classe na sua maioria parece alhear-se.
O processo de Bolonha veio trazer novas incertezas à profissão. Quantos de nós sabem o que este processo implica? Master ou Bachelor? Uniformização dos Planos de Estudos? Como é possível que se estejam a preparar Enfermeiros Especialistas nos moldes do Processo de Bolonha em algumas Escolas e simultaneamente com base no modelo que todos conhecem, noutras? Parece-me necessário parar para pensar nesta e noutras discrepâncias.

A ordem dos Enfermeiros deveria primeiro definir convenientemente o Plano de Estudos do Curso Superior de Enfermagem e do Exercício profissional Tutelado e impô-los a todas as Escolas através do Ministério do Ensino Superior, a fim de se uniformizar a formação dos futuros Enfermeiros e até dos actuais.

Não se pode permitir que cada cabeça dite a sua sentença. Se os muitos Enfermeiros Europeus ficam satisfeitos com o título académico de bachelor (Bacharéis), os Portugueses não devem aceitar menos do que já têm há alguns anos, daí que master será o mínimo necessário.

Se a Ordem afirmar que não reconhecerá os títulos académicos não homologados e não aceites por Ela, para validar o título profissional talvez as Escolas de Enfermagem pensem duas vezes antes de aliciarem os alunos.

Caros Membros da Ordem, não basta falar informalmente com os membros do Governo sobre o assunto, é preciso apresentar uma proposta fidedigna que seja aprovada e aplicada uniformemente em todas as Escolas Superiores de Enfermagem, seja ao nível da Licenciatura (master) seja ao nível mais graduado de formação.

Se a força para implementar tais medidas não for suficiente alertem os Sindicatos dos Enfermeiros e eu tenho a certeza que todos eles darão o apoio necessário para que as mais elementares pretensões dos Enfermeiros não se percam nos bastidores do poder político.

Há outras reivindicações que são de âmbito sindical. Conhecêmo-las. Estão aliás bem patentes. São pretensões exclusivas da nossa classe que não me canso de repetir : Carreira de Enfermagem, tabela salarial, avaliação, especifidade da profissão de enfermagem, desgaste e penosidade do exercício profissional, para que o tempo de serviço e idade da reforma não sejam as que o Governo ditou à margem das negociações com sindicatos.

Caros colegas, corremos o risco de (como me disse um colega no seu modo humorista) andar a administrar a terapêutica aos doentes com o auxílio de um andarilho...

Estas são reivindicações nossas, de uma Classe com todos os requisitos para ser uma Classe com uma carreira Especial. Por isso eu não acredito em generalidades na luta,já que as especifidades da Profissão não se enquadram numa luta generalista em que a Enfermagem é só mais uma, num conjunto de muitas profissões.

Restringir a NOSSA LUTA ao que nos diz especificamente respeito seria a maior bofetada de luva branca que a Enfermagem daria a quem com responsabilidades de Governação se acha no direito de impôr unilateralmente disposições legislativas, atentatórias da nossa dignidade .

No calendário das formas de luta os Professores surgem isolados (70000) na sua greve e na sua manifestação. Os Enfermeiros no activo com nomeação definitiva ou com contratos de trabalho por tempo indeterminado, os Enfermeiros no desemprego, os Enfermeiros com contratos precários, pagos na sua maioria a preço de saldo, os alunos das Escolas de Enfermagem, não merecem eles também uma luta só deles? Por isso, eu contestei a amálgama desta luta massificada que nos ofusca a identidade de sermos Enfermeiros.

A sabedoria popular é pródiga em sentenças do senso comum: quando a esmola é muita o pobre desconfia.....Iluminou-se a alma de muitos Enfermeiros e a minha também, quando o SEP anunciou esta jornada de luta demonstrando o descontentamento da Classe; iluminou-se a alma de muitos de nós e a minha também, quando pensamos que a luta seria a NOSSA LUTA ; iluminou-se a alma de todos quando acreditamos que os sindicatos dos Enfermeiros SE e S.I.P.E. ((FENSE)) e SEP dariam as mãos nesta luta pela Enfermagem; obscureceu-se a alma da Enfermagem quando se deparou com uma luta conjunta com outros sindicatos, que não de Enfermeiros.

Porque esta luta é NOSSA e somos nós que a temos de LUTAR. Os Enfermeiros têm que reaprender a organizarem-se, sem dependerem de um conjunto, que embora muito digno, não LUTA nas nossas trincheiras específicas.
Os Enfermeiros têm de reaprender a ter a coragem que dá a força; Os Enfermeiros têm de reaprender que a intimidação e a propaganda do medo são a arma dos que nos querem amordaçar e derrotar, recusando-nos o direito de ter direitos. Os Enfermeiros têm de reaprender a unir esforços e vontades, em volta dos representantes sindicais. Os SINDICATOS DOS ENFERMEIROS têm de reaprender a dialogar, a unirem-se, a lutar pela Classe.

OE, SE, S.I.P.E. (FENSE) e SEP unam-se pela Enfermagem e aí sim eu direi: A Alma da Enfermagem voltou a sorrir.
Um abraço colegas.
Margarida de Barros"

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